It's a one time thing
It just happens a lot

Suzanne Vega

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Efeito Manchester

Era previsível. O facto de o atentado ter acontecido numa sala de espectáculos levou à histeria e à tentação securitária. Na própria noite, ainda sequer sem se saber se era atentado ou acidente, já um "especialista" perorava num dos canais da TVI que era necessário considerar as salas e estádios de concertos como locais de confronto, pois, e estou a recorrer à memória, o facto de os presentes serem jovens não significa que não sejam perigosos e temos que os ter no radar de vigilância. Perdão?
Depois, veio a confirmação de que o exército britânico, armado, vai marcar presença nos espectáculos.
E por cá, segundo notícia do Público, um promotor de espectáculos, que (avisadamente) não quis ser identificado, diz que tem que se "agilizar a lei" para permitir que os seguranças nos concertos possam revistar à vontade os espectadores, e não apenas, como acontece até agora, e bem, apenas os polícias o possam fazer. Junte-se a isto, também no Público, a indicação de que vão ser colocadas barreiras de cimento nos acessos aos festivais de Verão em Portugal, e já se vê os níveis de imbecilidade a subirem.
A verdade é que estas medidas são vitórias dos terroristas. Os fãs dos cortes das liberdades, da vigilância da sociedade, do controlo da diversão, os vendedores de equipamentos de segurança, chamam um figo a todas estas medidas tendencialmente irrelevantes. Se um bombista quiser, consegue. 
Por outro lado, não creio que qualquer fã de música queira ser assediado por um segurança ignorante - sejamos claros: a Europa (ainda) não é os Estados Unidos, onde a cultura de violência e intimidação das empresas de segurança privadas, fortemente armadas e inimputáveis, podem, e fazem-no, espancar um espectador e atirá-lo para fora da sala só porque não gostaram da sua atitude.
Em resumo: segurança, sim, mas mínima, a cargo da polícia, e longe dos locais. Seguranças sem armas - são trabalhadores iguais a quaisquer outros, sem mais direitos. Agradece quem gosta de assistir calmamente a um bom concerto. E.M.   

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