It's a one time thing
It just happens a lot

Suzanne Vega

terça-feira, 22 de março de 2016

Alpha Blondy Rendez-vous

Regresso do nosso reggae man preferido, Alpha Blondy. Mas neste tema, Rendez-vous, do álbum Masada de 1992, o  costa-marfinense estava numa mais fase de aproximação ao pop, e o resultado, se bem que de uma leveza e boa disposição incontestáveis, fica como uma das poucas excepções numa obra em que os temas são esmagadoramente políticos, sociais e religiosos. O visual é claramente dos inícios dos anos 90 - digam lá se, com aquelas trancinhas, não parece mesmo o Terence Trent D'Arby, outro iluminado que então andava bem alto nas constelações da fama, e de que também muito gostamos. Todos juntos: "Babosi, babosa!" E.M.


Alpha Blondy, Rendez-vous (1992)


sexta-feira, 18 de março de 2016

QUE SEGURO SEMPRE ESTEJA

Confesso que não sou dos maiores apreciadores de Samuel Úria enquanto cantor, mas gosto muito da sua faceta de compositor. E quando tem uma voz como a de Márcia para o ajudar num tema por si escrito de uma simplicidade assombrosa e de grande capacidade de se bambolear entre as regras e cumplicidades da língua portuguesa, então surge magia, como este acústico Eu seguro, colaboração que saiu no álbum de Samuel O Grande Medo do Pequeno Mundo, de 2013. O vídeo, tão simples e embalador, é pouco mais do que os dois amigos, uma guitarra, um barrete, um par de sapatos e uma cadeira, tudo filmado sem presunções ali para a Caparica (parece-me). Mas é mais do que suficiente.

Num registo um pouco mais sério: quando andava há uns tempos a pesquisar pela Internet sobre artistas portugueses, uma das primeiras páginas que me surgiu sobre Samuel Úria era uma estridente cacofonia de um "clérigo" muçulmano radicado num país nórdico, e onde, entre outras imbecilidades, colocava uma lista de "pessoas judias famosas na Europa". Nas (poucas) portuguesas estava... Samuel Úria. A página, que infelizmente não consegui voltar a encontrar – ou talvez felizmente tenha sido eliminada –, era uma pouco velada ameaça à integridade dos nomeados.
E fiquei abismado em a simples ascendência, o simples apelido, pode colocar um artista na mira (mesmo que apenas virtual) destes loucos. Para Samuel Úria, ao que sei uma pessoa de paz e de bem e que com a sua música coloca o Mundo triste em que vivemos um pouco melhor, uma longa e próspera vida (e muitas canções). E.M.



Samuel Úria com Márcia, Eu seguro (2013)

terça-feira, 15 de março de 2016

GO KIWIS!

Começou hoje mais um Campeonato do Mundo de críquete, em formato T20, o mais pequeno.
O encontro inicial foi um Índia-Nova Zelândia. E que melhor começo podia ter tido a minha Nova Zelândia? Jogava na boca do leão, em casa dos anfitriões, que conhecem as condições de jogo como a palma da mão, os seus lançadores são especialistas naquele relvado... Ninguém dava um chavo pelos "black caps". 
O novo capitão neozelandês, Kane Williamson (que substitui a lenda Brendon McCullum), é um jovem. Ganhou a moeda ao ar com MS Dhoni (o muito experiente "skipper" da Índia ) e decidiu que a sua equipa ia bater primeiro. E fizeram 127 corridas, o que, face à Índia em casa, era claramente insuficiente. 
Ou seja, na segunda parte, os lançadores da Nova Zelândia teriam que obrigar os poderosos batedores indianos a fazer menos de 127 corridas. E Kane, numa atitude que todos, mas todos, consideraram suicida, tinha tirado da equipa Boult e Southee, os dois melhores lançadores de bolas rápidas, e jogou com quatro "spinners", os homens que lançam as bolas curtas e com efeito – aquilo em que a Índia é especialista...
Pois tomem: os batedores-estrelas da Índia foram caindo que nem tordos, eliminados pelos maravilhosas bolas cheias de efeito de McCullum (Nathan, o mano mais velho do antigo capitão), Santner e Sodhi. A Índia fez apenas 79 corridas, o seu segundo total mais baixo na história deste formato, e nem conseguiu bater os 20 "overs". O estádio ficou de luto, num país que venera o críquete quase como uma religião.
Ainda há muito para jogar, mas que injecção de confiança que os rapazes de negro conseguiram para o resto do torneio. Próximo jogo (jogão), com os irmãos/rivais do outro lado do oceano, a Austrália, na sexta-feira, dia 18.
Go Kiwis!


Em homenagem à selecção de Aotearoa (a Ilha da Grande Nuvem Branca) fica aqui uma canção da minha predilecção por uma das melhores bandas que já saíram na Nova Zelândia: os Mutton Birds, com Dominion road. Dominion Road é uma grande rua de Auckland, e exactamente a meio da mesma foi colocada no pavimento uma placa comemorativa desta canção. Como diz a letra, "halfway down Dominion Road". E.M.



The Mutton Birds, Dominion Road (1992)






sexta-feira, 11 de março de 2016

Youssou N'Dour  Birima

O mestre senegalês Youssou N'Dour (de fama no dueto 7 Seconds, com Neneh Cherry), aqui em Birima, mistura perfeita entre as tradições instrumentais da África Ocidental e as formas de cantar da África do Norte. Uma canção que parece vogar sobre as nuvens, enquanto nos arrasta carinhosamente para uns passinhos de dança. E.M.    


Youssou N'Dour, Birima (2000)

segunda-feira, 7 de março de 2016

CLÁSSICO... QUE NÃO O FOI POR CÁ

Os Animotion foram uma banda típica dos anos 80: sintetizadores, neo-romantismo, dança, telediscos cheios de cor, casacos tamanho XXL, mangas puxadas para cima, baixo em "slap", mais "riffs" de sintetizador, cabelos completamente marados. O que tinham de diferente era, para além de serem californianos, terem as vozes principais divididas entre um homem (Bill Wadhams) e uma mulher (Astrid Plane), sabendo nós que estes electro-qualquer coisa eram essencialmente um Clube do Bolinha onde menina não entrava muito. O seu maior êxito foi este saltitante e contagiante Obsession, que, se os meus neurónios bem se lembram, não puxou carroça por cá. Bem, estávamos mais virados para o que vinha de Londres e Birmingham. Vejam lá o teledisco, dêem um pezinho de dança, e não deixem de rir com as vestimentas de romanos e egípcios e do manual de lugares-comuns das vivendas dos subúrbios de L.A. E.M.  

Animotion, Obsession (1984)





quinta-feira, 3 de março de 2016

TREVO DA SORTE

Hoje vamos mesmo lá ao fundo do baú, ao comecinho dos anos 60, buscar esta pequenina preciosidade do mestre João Gilberto a dar uma lição de contenção e fraseado da melhor Bossa nova. Chama-se Trevo de quatro folhas, e é uma delícia de frescura, juventude e fervor... se bem que sempre com um fundo de tristeza, dado que ele espera que o desejo concedido pelo trevo seja o regresso "dela". Está no segundo álbum de João Gilberto, O Amor, o Sorriso e a Flor, de 1960. 


João Gilberto, Trevo de quatro folhas (1960)


Mas não se trata de um original, e sim de uma versão de I'm Looking Over a Four Leaf Clover, canção de 1927, com letra de Mort Dixon e música de Harry M. Woods, que teve muitas abordagens por artistas diversos. Um dos mais bem-sucedidos foi, em 1948, Art Mooney e a sua big band, que nos consegue levar para feiras de verão junto ao rio com a sua versão com banjo e glockenspiel. E que João Gilberto deve ter ouvido quando era criança nas ruas da sua cidade natal, Juazeiro. E.M.

Art Mooney, I'm Looking Over a Four Leaf Clover (1948)