It's a one time thing
It just happens a lot

Suzanne Vega
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segunda-feira, 13 de julho de 2015


Folk rock para principiantes #3 - Richard and Linda Thompson

I want to see the bright lights tonight (1974)

Em 1974, o multitalentoso Richard Thompson já havia abandonado os Fairport Convention e estava lançado numa aventura a duo com a cantora e esposa Linda. O primeiro álbum foi um falhanço, e o segundo, I Want to See the Bright Lights Tonight, gravado com poucos meios e em poucos dias, seguia pelo mesmo caminho - não havia editora que o quisesse efectivamente colocar nas lojas, e quando isso aconteceu as vendas foram fraquinhas e a crítica arrasadora. Mas o tempo e a história muitas vezes acabaram por fazer justiça, e é agora um dos discos mais celebrados do folk rock dos anos 70. Se bem que, há que dizê-lo, já mais sonoramente para as bandas do rock que do folk. 
O tema-título (ouvido pela primeira vez, como tantas outras de difícil acesso em Portugal, no influentíssimo programa Morrison Hotel, do Rui Morrison, nas madrugadas da Rádio Comercial), se bem que pontuado desde o início pelo riff de guitarra eléctrica, passa rapidamente para um ambiente de boémia ancorada nas brumas dos séculos.
Canção da noite, de dinheiro para gastar, de rapazes à procura de confusão, de bêbados deitados nos cantos escuros, de violência latente à espera de um carinho que a faça desaparecer, muito bem invocados pela voz ligeiramente trémula de Linda, que termina cada quadra com o lema, que passa a ser tanto um desejo como um receio do que possa na realidade provocar.
Quintessencialmente inglesa - não fosse o caso de Richard ser metade escocês, e de Linda ter passado a sua juventude em Glasgow! Uma última palavra para a belíssima e icónica capa, com o título e os autores escritos com o dedo numa vidraça húmida. Corpos, respiração, bebidas e noite, tudo invocado numa imagem onde nada se vê. E.M.


Richard and Linda Thompson, I want to see the bright lights tonight (1974)




Uma canção destas merece a letra:


I'm so tired of working everyday
Now the weekend's come I'm gonna throw my troubles away
If you've got the cab fare mister you'll do alright.
I want to see the bright lights tonight

(chorus)

Meet me at the station don't be late
I need to spend some money and it just won't wait
Take me to the dance and hold me tight
I want to see the bright lights tonight

There's crazy people running all over town
There's a silver band just marching up and down
And the big boys are all spoiling for a fight
I want to see the bright lights tonight

A couple of drunken nights rolling on the floor
Is just the kind of mess I'm looking for.
I'm gonna dream 'till Monday comes in sight
I want to see the bright lights tonight

quarta-feira, 8 de julho de 2015


Folk rock para principiantes #2 - Steeleye Span

All around my hat (1975) 


Os Steeleye Span são uma espécie de irmãos mais novos dos Fairport Convention - aliás, os Span foram no início um "offshoot" dos Fairport, iniciados aquando da saída, em 1969, do baixista Ashley Hutchings. A grande cartada que elevou os Steeleye a um nível elevado foi o recrutamento de Maddy Prior que, apesar da sua juventude (22 anos), era já uma veterana do circuito folk de Londres. A voz de Maddy era, em comparação com a sua "concorrente" Sandy Denny nos Convention, mais leve, mais doce, mas também mais facilmente afinável para o ouvido dos anos 70. Em 1975, os Steeleye Span atingem o ponto de equilíbrio entre a tradição folk e as linhas mestras do rock psicadélico e progressivo. O álbum All Around My Hat foi um êxito de vendas no Reino Unido e o seu tema-título, versão de um tradicional inglês de inícios do século XIX, conta a história de uma jovem noiva que, sozinha após a deportação do seu amado para a Austrália, usa no seu chapéu as flores do salgueiro, símbolo tradicional do luto: "All around my hat I will wear the green willow." Saborosamente tradicional, sentimental sem ser lamechas, e expoente das capacidades de comunicação de Maddy Prior, é um ponto alto do folk rock inglês. E.M.   



Steeleye Span, All around my hat (1975)    

domingo, 5 de julho de 2015

Folk rock para principiantes #1 - Fairport Convention

Em finais dos anos 60, princípios dos 70, a dinâmica e instrumentação do rock, então a força dominante da música moderna ocidental, aliou-se à tradição vocal e temáticas líricas do folk, dando início ao que se denominou, obviamente, folk rock. Os maiores expoentes surgiram no Reino Unido, onde havia bastos e imponentes nomes nas duas tradições e com vontade de as desenvolver. 
Um dos elementos fundadores são os Fairport Convention, aglomerado de artistas vários que hoje, após imensas mudanças de pessoal, ainda se mantém em actividade. Em Dezembro de 1969, prenunciando a turbulenta década que se avizinhava, a banda então liderada por dois nomes fundamentais - Sandy Denny (voz) e Richard Thompson (guitarra) - lançou Liege & Lief, que é "apenas" considerado como a pedra-de-toque do movimento folk rock. Quer através de versões de temas de raiz celta ou britânica, ou de originais que buscavam a essência nessas latitudes, Liege & Lief consegue aquele milagre de soar completamente espontâneo mas perfeitamente definido, e consegue manter a frescura e a inventiva passadas todas estas décadas. A voz de Sandy Denny, nesta altura já em rota de saída da banda e de uma morte prematuríssima em 1978, possui a maleabilidade técnica de uma profissional, o sonho de uma fada, e a razão prática de uma camponesa. Seminal, creio, é a palavra. Para ilustrar (mas podia ser qualquer outra) fica a canção que abre o álbum: Come all ye (letra de Sandy Denny, música do baixista Ashley Hutchings). "Enjoy, ye all". E.M. 


Fairport Convention, Come all ye (1969)