It's a one time thing
It just happens a lot

Suzanne Vega

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

RÁDIO NOSTALGIA: O REGRESSO


Desde finais de 2011, regressou a Portugal a Rádio Nostalgia. Esta segunda vida é uma franchise da NRJ International, produzida no nosso país pela maioria da equipa da antiga Rádio Paris-Lisboa, e nas frequências da mesma: 90.4 FM para a Grande Lisboa e 90.0 para o Grande Porto. O formato é simples: recuperação de êxitos do pop rock anglo-saxónico (essencialmente) dos anos 60, 70 e 80, mais uma boa dose de portugueses, para cumprir a quota da famigerada lei da música nacional. 

Quanto às vozes: 

*Luís Talete (que, creio, ainda faz as manhãs), a fazer o que Luís Talete fez na Capital. Nem melhor nem pior nem diferente.
*Já Manuela Paraíso é outro caso. Senhora de uma voz maravilhosa, verdade, mas não consigo enxotar a sensação de que ela gostaria era de estar a apresentar temas dos Coil ou dos Hugo Largo. Isto porque os seus gostos são mais do que alternativos, são exotéricos. Tem uma grande carreira de escriba e de realizadora, nomeadamente na mítica Rádio Azul nos épicos anos 80 da Margem Sul, e depois na XFM. Mas enfim, é sempre um veludo a sua voz nos nossos tímpanos.  
*Quanto a Paulo Lázaro, que orienta por agora o bloco do regresso a casa, é o inverso: nota-se ali, para além de uma excelente articulação vocal (será a sua costela de actor?), um gosto e um conhecimento genuínos de muito do que passa.    

A informação, com blocos muito curtos à hora certa, é de qualidade, sem grandes rasgos (também é preciso aceitar que é uma rádio esmagadoramente musical). 

A maioria das colaborações exteriores (Luís Ferreira de Almeida e a sua venerável Idade da Inocência, que tantos anos esteve na TSF juntamente com Margarida Pinto Correia, por exemplo) terminou, creio que devido a contenções financeiras, e como também já aconteceu noutras rádios do grupo radiofónico de Luís Montez. 

Assim, as que continuam são da prata da casa: Nostalgia Renovável (Orlando Azevedo), Paris Mon Amour (Ricardo Filipe de Matos a traçar linhas para a música francesa, numa das ligações que restam à antiga estação "oficial" do Estado francês) e Garota de Ipanema, artistas brasileiros muito bem escolhidos por Antonieta Lopes da Costa, que é a directora da estação.

Claro que não poderia faltar uma referência a Nuno Infante do Carmo, o inefável NIC, um dos homens com mais conhecimentos e humor do universo radiofónico nacional. É da sua responsabilidade a rubrica diária Uma Data de Música (efemérides musicais), e só o nome já é uma delícia, e os especiais de fim-de-semana. 

A programação vem já definida dos donos do franchise. No geral aceita-se bem, e é bom ouvir, por exemplo, canções que escaparam ao radar – exemplo: Follow you follow me, dos Genesis. Mas também não deixa de surpreender uma certa inflexibilidade na renovação da playlist, e a insistência em alguns temas cuja vida em Portugal foi, e em certos casos justamente, inexistente (Dust in the wind, dos Kansas). E.M. 

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