It's a one time thing
It just happens a lot

Suzanne Vega

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

ARTE

PORTRAIT SERIES: I MIGUEL 
NO ESCURO DO CINEMA DESCALÇO OS SAPATOS

Teatro Camões, Lisboa
23 de Janeiro de 2016 (sábado), 21h
Programa Dança e Documentário

Portrait Series: I Miguel
Coreografia de Faustin Linyekula
Música de Pedro Carneiro
Interpretação de Miguel Ramalho (dança) e Pedro Carneiro (percussão) 

No Escuro do Cinema Descalço os Sapatos
Cláudia Varejão (realização)
Adriana Bolito (som)



Programa duplo na noite fria do Teatro Camões, um dos bons resultados do tempo em que havia dinheiro para equipamentos culturais no burgo, ou seja, pré-2005, neste caso o belo edifício no Parque das Nações com vista para o rio – e que é a casa da Companhia Nacional de Bailado. 

Na primeira parte, um solo de Miguel Ramalho coreografado e encenado pelo congolês/zairense Faustin Linyekula, que é o Artista na Cidade 2016. Num praticável de areia, com três lâmpadas no chão, Miguel Ramalho mostrou que é um excelente bailarino... mas que a relação com Faustin não criou um verdadeiro diálogo. O bailarino não parecia à vontade, e, como me parece uma pessoa extremamente séria, não o conseguiu esconder na sua actuação.

Não se põe aqui em causa a capacidade e as ideias de Linyekula, mas é claro que o seu universo muito próprio não foi capaz de absorver Ramalho. Kinsangani e o Barreiro não deram as mãos.

Mas um luxo só foi o facto de Pedro Carneiro, o maestro/compositor/intérprete que compôs a música para este solo, apenas para percussões, estar também ali ao vivo a tocar. Que mestria, que capacidade de "tempo", que interpenetrações dos vários instrumentos. Às vezes, confesso, fechei os olhos e apenas ouvi, apreciando um maravilhoso concerto de Pedro Carneiro a solo.

Depois, a apresentação do filme No Escuro do Cinema Descalço os Sapatos, de Cláudia Varejão (realização e fotografia) e Adriana Bolito (som), que passaram a temporada de 2015 a seguir a Companhia Nacional de Bailado, filmando-a discretamente nos ensaios, nas apresentações, conseguindo imagens que deram origem a este belo documentário a preto e branco. 

Ficam na retina imagens intensíssimas de África Sobrino e Barbora Hruskova, duas gerações de corpos que se, por um lado, impressionam pela agilidade, significância e atleticismo, por outro não deixam de recordar a violência de uma arte que tem que violentar os seus músculos, os seus tendões, os seus ossos para conseguir feitos que a maioria dos humanos não pode sequer sonhar em alcançar. Como dizem muito sinteticamente nos USA: "No pain, no gain." E.M.   










  

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