It's a one time thing
It just happens a lot

Suzanne Vega

segunda-feira, 10 de julho de 2017

JOÃO GIL POR... 
TANTO QUE LHE DEVEMOS

João Gil por... é um CD duplo em que o dito João Gil pega em canções da sua longa e proveitosa carreira, convida amigos, admiradores e admirados, e juntos fazem versões com novos arranjos. João Gil, para quem tem andado com os ouvidos tapados nas últimas décadas, é um dos mais prolíficos compositores (e guitarristas, e produtores) de Portugal - foi pedra-base nos Trovante, na Ala dos Namorados, nos Rio Grande, nos Cabeças no Ar, nos Tais & Quais, no Baile Popular, etc.
Ou seja, aqui o difícil seria a escolha, tal o baú de preciosidades e de amigos e colegas dispostos a embarcar na aventura. Dos 28 temas (na versão mais alargada), ficam no ouvido:
- 125 azul, numa pintura mais moderna, com um arranjo inovador, juntando uma surpresa, a voz de Carlão, vindo da área do hip-hop, em primeira plano em registo de spoken word, e a (creio que minha prima afastada) Lúcia Moniz, a fazer a melodia em segundo plano. Melhor do que o original, em que a voz de Luís Represas sempre me pareceu um pouco... flat
- Rosa albardeira, muito bem adaptada ao registo intimista e acústico de António Zambujo.
- História do Zé Passarinho. Que grande bofetada em alguns sectores bem-pensantes, o inesperado convite a Quim Barreiros e Herman José, que transformam o primeiro êxito da Ala dos Namorados numa festa com um pé no Minho e outro em Lisboa, mostrando a velhacaria e sabedoria de outros mundos vocais.
Ainda uma menção honrosa para o inédito Credo, que se por um lado mostra as limitações vocais de João Gil, também ilumina muito do que o transformou num marco da música nacional: grande dedo para a melodia, percepção da instrumentação e do espaço na canção, e a escolha judiciosa de poetas e letristas, neste caso a imensa Natália Correia. 
Bem-hajam todos os que embarcaram nesta aconchegante viagem. E.M.




João Gil com Carlão e Lúcia Moniz, 125 azul (2017) 




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