It's a one time thing
It just happens a lot

Suzanne Vega

segunda-feira, 26 de junho de 2017

TOZÉ BRITO BIOGRAFIA DESAPONTANTE

Consegui por fim terminar a biografia "oficial" de Tozé Brito, escrita por Luciano Reis e editada em Fevereiro. E quando não devoro rapidamente um livro biográfico da área da música, os sinais de alarme começam a soar. E há que reconhecer que Tozé Brito - Eu sou um outro tu não é uma leitura muito agradável, nem muito escorreita, e, pecado capital numa publicação deste género literário, nem muito informativa.

Trata-se de uma biografia cinzentona, muito respeitosa, com tiques de escrita de outros tempos, e, suponho, terá passado pela lupa aprovadora do visado. 
O que deixa sabor mais amargo na boca: 
- as longas diatribes (muitas vezes com pouco conteúdo, nem sim nem não antes pelo contrário) sobre assuntos esotéricos ou colaterais à música e à vida e que pouco adiantam para a compreensão da personagem (veja-se, por exemplo, na página 126, o parágrafo sobre o aborto, que fica aquém do perceptível);
- os lugares-comuns: a família, a família, a família, o amor pela família, a obrigatória passagem, mesmo assim muito leve, pelas drogas, o que actualmente é tudo menos arriscado de publicar;
- a sensação de uma oportunidade perdida para se saber mais sobre o que realmente interessa, ou seja, a música, a composição, a gravação, os contratos, os artistas. Para uma das duas personagens fulcrais da música portuguesa das últimas décadas - a outra é Pedro Ayres Magalhães -, fica muito pouco sumo.
O entrevistador não arriscou, não quis fazer uma análise do que lhe era dito, não questionou - ou se o fez Brito não deixou avançar. Assim, ficámos a saber muito pouco sobre o biografado e a sua (e nossa) música. É pena. E.M. 


Tozé Brito - Eu sou outro tu, por Luciano Reis, edição Parsifal, 1.ª edição de Fevereiro de 2017





Sem comentários:

Enviar um comentário