It's a one time thing
It just happens a lot

Suzanne Vega

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Pedro Abrunhosa, Viagens

Passei a primeira metade de 1994 fora de Portugal, e quase sem contactos com o cantinho à beira-mar plantado. Eis pois qual não é a minha surpresa quando chego no Verão e não consigo abrir a rádio sem ouvir Não posso mais, Socorro, É preciso ter calma e, mais tarde, Tudo o que eu te dou. Um fenómeno, e que, como se viu, veio para ficar.
Independentemente das suas fraquezas vocais, não se pode retirar valor ao que Abrunhosa fez: já com uma idade "provecta", saiu do gueto do jazz e tornou-se um nome nacional com uma bela mistura de jazz, funk, swing, hip hop e rock. Uma produção cuidada, colaborações escolhidas a dedo (Maceo Parker, Norman Cook) e o pulso firmemente posto no que então se dirigia para as discotecas internacionais fizeram de Viagens, o álbum, um marco. Ao que parece, vendeu 250 mil exemplares. Num país de 10 milhões de habitantes, façam as contas.
Num disco praticamente sem pontos fracos, a minha predilecção vai variando com os tempos, mas onde regresso mais é a Viagens, o tema-título. Balada longuíssima e languidíssima, remete para um lounge elegante e quente, através do belíssimo saxofone e das percussões. E se por vezes as suas letras eram perigosamente dependentes do dicionário básico de rimas, muitas vezes conseguiam reflectir o ambiente pretendido. Neste caso, "viagens sem princípio nem fim, beijos entregues ao vento, e amor em mares de cetim". Música intemporal. E.M.  


Pedro Abrunhosa, Viagens (1994)



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