It's a one time thing
It just happens a lot

Suzanne Vega

quarta-feira, 14 de junho de 2017

SALVADOR SOBRAL Mediania irrelevante

Agora que a histeria já passou, também vou botar os meus sete e quinhentos sobre o fenómeno Salvador Sobral, que conseguiu uma inédita vitória para Portugal no Festival da Eurovisão, com Amar pelos dois, escrito pela sua irmã Luísa.

Antes de mais, um aviso: consegui não ouvir a canção na totalidade até ontem, apenas aqueles bocadinhos que escapavam das televisões ou dos rádios. E agora que, com calma, vi e ouvi Amar pelos dois, acho que:
- é uma cançãozinha de recorte clássico, limpinha, mas não entusiasmante. Muito ao jeito dos tempos que correm, sem paixão, mas fingindo-a.
- a interpretação de Salvador vale mais pela excentricidade do que pela voz, sempre tremelicante e muito perto do desafinanço.
- a imagem é claramente irritante, com todos os lugares-comuns dos hipsters, desde a barba selvagem ao inenarrável "man bun" (cabelo em carrapito que devia ser proibido pelo bom senso nos homens).
- olhando para as antigas aparições de SS em programas de talentos de televisão, fica a noção de que é um camaleão à procura do que melhor se adapta à espuma dos tempos. Ou seja, quem era um betinho quer agora vender-ser como uma rebelde sentimental. Não cola. 

Resumo: uma canção mediana, por um intérprete que não convence nem na voz nem na sinceridade, para um festival irrelevante. E a vitória de Sobral e Amar pelos dois é um insulto à música nacional, quando pensamos que temas excepcionais como Desfolhada (Simone) e E depois do adeus (Paulo de Carvalho) ficaram-se lá pelos baixios das classificações europeias. E.M. 

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