It's a one time thing
It just happens a lot

Suzanne Vega

segunda-feira, 23 de março de 2015

THE CLOCK, Christian Marclay

Museu Colecção Berardo,
Centro Cultural de Belém, Praça do Império, Lisboa
Piso -1
Até 19 de Abril
Terça a domingo, das 10h às 19h.
Excepcionalmente: dia 28 de Março, das 10h às 19h do dia seguinte
                                dia 18 de abril, das 10h às 19h do dia seguinte
Entrada gratuita


The Clock é uma instalação vídeo com 24 horas, criada pelo artista suíço-norte-americano Christian Marclay a partir de pequenos segmentos de filmes onde apareçam ou sejam referidos relógios e/ou horas. Está sincronizado em tempo real: ou seja, se no ecrã aparecer  um relógio a mostrar, digamos, 14h17m, então é porque em Lisboa são 14h17m (a não ser que o delicado programa informático tenha algum problema. Na apresentação no Centro Pompidou, em Paris, misteriosamente atrasou-se alguns minutos).
Fruto de anos de trabalho obsessivo de Marclay e de uma equipa de jovens pesquisadores que tinham por missão pesquisar milhares de DVD e cassetes VHS, The Clock é uma obra que merece os encómios que tem suscitado, e que tem levado a que as poucas cópias feitas sejam disputadas pelos grandes museus do Mundo. 
Para além do - importante - lado lúdico de descoberta, que nos leva a surpreender, agradar ou desagradar ao reconhecermos determinado actor ou determinada fita, há um trabalho de reconstrução de narrativas, que visuais quer sonoras, que é prova de que a reconstrução ou remixagem (Christian, sintomaticamente, também é "DJ de vanguarda") são hoje tão prenhes de inovação e possibilidades como a "criação pura".
Os conhecimentos das técnicas de montagem cinematográfica e seus respectivos efeitos de manipulação afectiva ou intelectual podem passar por variadíssimos estados, mas, ao fim do bloco que vimos reduzido, face às 24 horas de duração da obra, o sentimento que fica é de uma delicada opressão e uma decisão pessoal: tenho que começar a olhar menos para o relógio e deixar que ele me controle tanto os pensamentos e acções. Não que isso signifique uma autoestrada para a tão nacional bandalheira de nunca chegar a um compromisso a tempo e horas. Não, apenas significa não permitir que seja ele o decisor maior dos meus dias. Ou será isso uma utopia num ser essencialmente urbano no século XXI?
A quem puder ir ao CCB até dias 18/19: Não perca tempo! É de ver.


 
THE Clock , Christian Marclay (excerto), (ajuda de Youtube)

   

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