It's a one time thing
It just happens a lot

Suzanne Vega

domingo, 12 de julho de 2015

ALIVE

Breves notas sobre o terceiro dia, 11 de Julho (sábado):

No Coreto 
- Cave Story: jovem trio post-punk das Caldas da Rainha. O mais notável é o baixo, negro e em formato de violino, a fazer lembrar o histórico Hofner de Paul McCartney. Divertiram-se, e isso é o principal.  
- Tracy Vandal: escocesa a viver em Coimbra, acompanhada por dois teclistas, loura a destilar um electropunk simpático (contradição em termos, eu sei), com visual a disfarçar uma certa vacuidade do projecto. 

No palco principal (NOS STAGE)
- HMB: cada geração tem os D'ZRT que merece.
- Counting Crows: rapazes, ainda estão vivos? Que bom para vocês.
- Sam Smith: pindérica exibição dos piores tiques pós-Ídolos, em que até os homens devem imitar Mariah Carey ou Celine Dion. Qualquer boa vontade seria eliminada por ter atacado Can't help falling in love, esse último refúgio dos falhos de imaginação.

No palco secundário (HEINEKEN STAGE)
- espectaculares os desconhecidos Sleaford Mods. Duo de hip-hop punk de Nottingham composto por Jason (voz, letras) e Andrew (música, programação), que, com um microfone, uma grade de cerveja e um velho laptop, encheram o palco e agarraram pela garganta os presentes na grande tenda dos alternativos. Ritmos simples mas poderosos, e uma abordagem vocal em que ninguém é poupado, dos desportistas aos apresentadores de televisão. Já não são nenhuns meninos, mas foram a revelação do dia.
- os Dead Combo (Tó Trips na guitarra, Pedro Gonçalves no contrabaixo, guitarra acústica, eléctrica, melódica, piano e tudo o mais) são um daqueles fenómenos de música portuguesa mestiça que de tantos em tantos anos arrastam os portugueses atrás deles. Ontem não foi excepção, com uma tenda cheia a rebolar entre Marraquexe e Paris, Texas (fazendo analogia com a velha boutade de António Variações entre Braga e Nova Iorque). Por muito tempo possam os dois Dead manter o seu groove.  
- da Escócia vieram os Mogwai, veterano sexteto de sinfonias industriais que me fritaram os ouvidos. Mas foi por uma boa causa. Um festival não será o melhor dos locais para os ver, mas gostei da imersão nas vagas de guitarras, embora às vezes parecesse que estava a vogar sobre elas (bom) mas outras que me estava a afogar (mau). Talvez seja mesmo esse o objectivo deles, mais provocar do que consensualizar.
- por fim, e também da Escócia, The Jesus and Mary Chain a tocar o seu primeiro e seminal álbum, Psychocandy (1985). É um dos meus discos de cabeceira, e cada uma das 14 canções era como uma amiga que me telefonava. Pequenos pedaços de surf distorcido, avidamente abraçados pelos trintões e quarentões presentes. Claro que estas gerações já não têm os ouvidos em tão bom estado, pelo que ontem, como é habitual, as hostes se iam afastando mais para os zonas recuadas à medida que o concerto avançava. Mas estiveram bem, Jim sempre no seu cool, William o mestre da guitarra com efeitos (como também, por exemplo, Kevin Shields dos My Bloody Valentine ou Robin Guthrie dos Cocteau Twins). Será alguma coisa que põem na água nas Highlands? No final ainda houve tempo para uns êxitos avulso, como Head on ou Reverence. Sem surpresas, mas com qualidade. Valeu bem as frequências auditivas perdidas. Viva a Escócia! E.M.
   
       

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