It's a one time thing
It just happens a lot

Suzanne Vega

domingo, 19 de julho de 2015

SUPER BOCK SUPER ROCK - NOTAS DO SEGUNDO DIA

Fui ao segundo dia (sexta-feira, 17 de Julho) do festival Super Bock Super Rock, agora regressado a Lisboa, mais concretamente ao Parque das Nações.

Notas breves:
- O espaço é agradável, com as vantagens de ser central, com transportes à porta, e com uma excelente equipa de limpeza (a sério, meninas, deixem-me acabar a cerveja antes de começarem a limpar a mesa!); já questiono a relação dimensão/número de espectadores. É verdade que existem sempre os fluxos de pessoas que equilibram os vários espaços, mas pareceu-me que havia afunilamentos que em caso de afluxo inesperado poderiam causar problemas. Boas tendas de comes e bebes, se bem que algumas mostraram ser ainda algo verdes neste tipo de eventos (nomeadamente na colocação de pessoal e no número deste).

- Quatro palcos parece-me muito para o espaço, mas cada um com uma média de apenas quatro nomes, o que parece-me pouco, desde logo a nível financeiro (para quem organiza e para quem paga um caro bilhete), se bem que como existe uma sobreposição de propriedade entre a produtora organizadora e a detentora do Pavilhão Atlântico (sim, Pavilhão Atlântico!, não há aqui arenas de telemóveis!), os custos diminuam bastante.

- Boa ideia o palco sob a pala do Pavilhão de Portugal, onde assisti a um pedaço dos Bombay Bicyle Club, uma espécie de estrelas da segunda divisão indie, que mostraram um interessante post-rock com laivos de psicadelismo e um baixista gadelhudo que conseguia subir o nível do seu instrumento bem acima do habitual - é assim mesmo, Ed.

- O Pavilhão Atlântico é, a nível de som, uma amante caprichosa. Estava desta vez numa noite má - na lateral onde me encontrava o som era francamente sofrível. Juntando a isto nomes que primam mais pela emoção do que pela perfeição técnica e pela preocupação sonora... Ai, ai, ai.
Bem, a junção entre Jorge Palma e Sérgio Godinho foi mais um encontro de amigos, em cima e em frente do palco. Passagem por dois catálogos incontornáveis no último meio século da música moderna, com inevitáveis êxitos (Mudemos de assunto, Frágil, Portugal Portugal, O primeiro dia) e surpresas (Os conquistadores). Banda numerosa em palco, com elementos oriundos dos grupos que costumam acompanhar os dois cantores, alguns arranjos questionáveis (e "ajudados" pela acústica...), e algumas falha de memória nas letras não colmatadas pelas cábulas deram um ar um pouco amador a um concerto que, reconheça-se, não será talhado para enormodromos como aquele pavilhão. Mas nunca se deve perder Godinho ao vivo, e foi uma lavagem de alma ver tanta gente no final a gritar as palavras de Liberdade. Se bem que se fica sempre com a ligeira desconfiança que há ali espectadores que as cantam com vontade, e depois votam Passos Coelho. 

- Quem claramente não vota na direita são os Blur (o baterista Dave Rowntree, por exemplo, é autarca do Labour em Londres). E deram grande concerto - quase duas horas, 22 temas, mais do que no dia seguinte em Benicassim. Para mim foi um espectáculo um pouco triste, pois deverá ser a última vez que os vejo em carne e osso, e são eles como que amigos que comigo foram crescendo desde os inícios da década de 90.
As marcas do tempo também se começam a fazer notar nos Blur, quer nas veias das mãos de Graham Coxon enquanto faz os seus solos de guitarra, ou nas rugas da face de Damon Albarn. Quanto a Alex James, sempre a imagem do cool, com o seu baixo displicentemente acariciado e a eterna beata ao canto da boca.
Setlist dentro do esperado, com apenas quatro incursões no novo The Magic Whip, muito Parklife. Grandes momentos de comunhão emocional nos hinos midtempo (Beetlebum, Tender, To the end e, mesmo no finzinho, The universal, provavelmente a sua canção mais bem conseguida). E Song 2 é perfeita, um minuto e meio de punk desnorteado que efectivamente nos liberta das amarras terrenas.
Até sempre, amigos. E.M. 

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