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Suzanne Vega

domingo, 13 de setembro de 2015

New Order, Your Silent Face 

Às vezes fico espantado e maravilhado como simples seres humanos conseguem imaginar e concretizar obras de arte tão inesperadas, belas e intemporais. É o caso de Your silent face, dos New Order. Está incluído em Power, Corruption and Lies (grande título, já agora), o segundo (1983) da banda que tentava renascer das cinzas dos Joy Division. E nota-se no geral do disco que Peter Hook, Bernard Sumner e Stephen Morris (a que se juntara Gillian Gilbert nas teclas) ainda estavam à procura dos seus caminhos e da segurança - como uma girafa-bebé no meio da selva pós-punk de Manchester, se me é permitida a analogia. 
Mas Your silent face, do alto dos seus quase seis minutos, mira-nos como uma catedral gótica sonora transplantada para um futuro longínquo, perfeitamente definida. 
A introdução é intrigante, com as suas caixas de ritmos secas, aos 16 segundos levamos com uma vaga de sintetizador, uma frase simples que se irá repetindo ao longo da canção. Aos 50 segundos a melódica de Bernie copia o sintetizador. A voz de Sumner só entra aos 1m10s, e por então já estamos apaixonados. "No hearing / or breathing / no movement / no colours / just silence". Aos 1m45 Hooky mostra uma das suas famosas linhas de baixo tocadas nas cordas mais agudas, como o falecido Ian Curtis lhe pedia para fazer nos Joy Division. E por aí adiante, que Your silent face é uma panóplia de pequenas descobertas simples. É daquelas que me fazem pele de galinha. Obrigado, New Order. E.M.

P.S.: A capa original, da responsabilidade do grande Peter Saville, o mágico do design da Factory, mostra apenas uma natureza-morte de flores de Henri Fantin-Latour, não aparecendo em lado algum o nome da banda ou do disco. 


Your silent face, New Order (1983) 

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