It's a one time thing
It just happens a lot

Suzanne Vega

domingo, 27 de dezembro de 2015

LLOYD COLE AND THE COMMOTIONS

Collected Recordings 1983-1989

Directamente do trenó do Pai Natal, uma das belas prendas de 2015: a caixa que recolhe praticamente tudo o que Lloyd Cole e os seus Commotions gravaram numa curta mas valiosíssima carreira. Estão presentes os três álbuns de originais (Rattlesnakes, de 1984, Easy Pieces, de 85, e Mainstream, de 87), mais um CD com demos e raridades, outro com os lados B, e um DVD com a totalidade dos videoclipes e aparições em programas de televisão. 



Para além disso, o booklet (de irrepreensível concepção gráfica) apresenta um longo texto do jornalista Pete Paphides que relata, com contribuições de todos os intervenientes directos, a carreira da banda.

Alguns apontamentos avulsos:
- Rattlesnakes continua a soar tão fresco como em 1984. De um disco repleto, exploro o tema-título, Speedboat, Down on Mission Street e Charlotte Street (que surge também nas raridades numa versão anterior muito diferente com o nome de Eat my words). Nota muito alta para os arranjos de cordas de Anne Dudley, que já espalhara a sua magia por The Lexicon of Love dos ABC e Welcome to the Pleasure Dome dos Frankie Goes to Hollywood.   
- O "difícil" segundo disco, Easy Pieces, continua a ser mal-amado pelos seus criadores, que por um lado não gostam do trabalho dos produtores Alan Winstanley e Clive Langer, indigitados pela produtora para levar os Commotions ao nível de outros seus púpilos como os Madness... e por outro reconhecem que a ideia definida do que estavam a fazer sonoramente e conceptualmente começava a apresentar falhas. Para mim, e face a um disco que é difícil de adquirir em CD, é uma alegria imensa poder ouvir Rich, Grace ou Minor character, que não é, nem de perto nem de longe, tão fraco como Cole afirma. Soa um bocadinho datado, mas nada que esbata a elevada qualidade global.
- O problema agrava-se, sim, com o terceiro e derradeiro Mainstream. Se em Portugal My bag, Jennifer she said e From the hip foram adoradas, tal não aconteceu no resto do globo. A veia descritiva de Cole, admirador confesso dos States e da melhor literatura mundial, começava a ter dificuldades em lidar com o cocainómano mundo das editoras na segunda metade dos anos 80, e o disco aponta para várias direcções mas nenhuma suficientemente explorada por uma produção clinicamente limpa de Ian Stanley, a aproveitar a onda do êxito Everybody wants to rule the world (que produzira e co-compusera para os Tears for Fears). 
- O baixista Lawrence Donegan, que tinha sido corrido dos Bluebells por ser fraco instrumentista, foi o único Commotion a levar socos e/ou pontapés dos outros quatro. Mais tarde tornou-se jornalista especialista em golfe.
- O baterista Stephen Irvine esteve a um passo de integrar os The Clash quando estes despediram Topper Headon. E.M
         
Lloyd Cole and The Commotions, Grace (1985)
     



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