It's a one time thing
It just happens a lot

Suzanne Vega

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

ARTE

Teatro Tivoli, Avenida da Liberdade, Lisboa
Quinta a sábado, às 21h30. Domingo às 16h30.
Bilhetes entre os 12 e os 18 euros.



Arte, o texto da dramaturga francesa Yasmine Reza, estreado em 1994, já passou em Portugal com muito êxito – tive o privilégio de ver em 1998/99, no Teatro Villaret, a opulentamente boa interpretação de António Feio, José Pedro Gomes e Miguel Guilherme. Agora, no Tivoli, com outro trio (obviamente, porque António Feio já nos deixou fisicamente): Vítor Norte, João Lagarto e Adriano Luz, que também encena segundo a tradução de Feio. A história desenrola-se entre três amigos de longa data que entram em rota de colisão quando um deles compra um quadro de arte contemporânea por um valor que um dos outros considera obsceno.  

Claro que nesta situação a apreciação seria sempre feita em comparação entre as duas encenações.
Assim sendo:
- o texto de Reza, sobre a amizade, os valores, o que é a arte, o que esta vale e a sua relação com o dinheiro, está, infelizmente, tão actual como estava naqueles longínquos anos de final de euforia yuppie bolsista. O ser humano continua igual, e o ser capitalista também.
- o tradução de Feio aguenta-se impecável.
- a encenação não é brilhante. A todos os títulos. No Villaret (teatro mais pequeno, mais intimista, mais moderno) tudo se passava à volta de adereços e cores vibrantes, havia muito branco, em roupas, em telas, em cenários. Agora, num espaço antigo e escuro como o Tivoli, tudo gira à volta do negro e dos castanhos. 
- questiono também a adequação dos artistas. Não de Vítor Norte, que faz um papelão, de colocação de voz e de corpo e de cena. Já João Lagarto (grande actor dramático) e Adriano Luz não me parecem encaixar bem nas personagens.
- a própria interacção entre os três não é muito fluida. A verdade é que António Feio, José Pedro Gomes e Miguel Guilherme não só eram amigos íntimos, como provinham todos da mesma escola de actuação, havia uma rotina e um à-vontade que oleava qualquer falha. E na de 2016 vê-se que se quis virar a rota. Ou seja, se a Arte de 1998/99 era uma comédia onde se falava de coisas sérias, a de 2016 tenta ser uma peça dramática com laivos de graça. E acaba por ficar a meio caminho. E.M. 


Para quem quiser recordar, o YouTube tem (em oito secções...) a peça de 1998.



   

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