It's a one time thing
It just happens a lot

Suzanne Vega

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

MARILLION LADY NINA

Dos recantos da memória, algo que não ouvia há anos e anos: Lady Nina, dos Marillion. Faz parte da safra de 85/86, ou seja, época do extremamente bem-sucedido álbum Misplaced Childhood. Lady Nina surgiu como lado B, nesses tempos ainda do vinil, do single Kayleigh, que continua a passear pelas ondas radiofónicas. Na altura não percebi como é que uma canção deste calibre não foi um êxito, ou pelo menos mais promovida. Agora, com  a (espero) sabedoria dos anos e dos ouvidos, creio que percebo. Não aceito mas percebo.

Antes de mais, e ao contrário do resto dos temas dos Marillion na fase em que tinham Fish como vocalista, é construída, na totalidade dos seus quase 6 minutos, na base de uma batida de "drum machine", extremamente forte mas longe da bateria acústica habitual do grupo. Depois, não segue qualquer regra de verso-refrão-verso, tem imensos espaços instrumentais, breaks só de caixa de ritmos, interjeições em alemão...

E o tema é forte: mulher da noite, casada, batida, desesperada; homem que gostava de a levar para casa, mas não pode, pois ama a mulher e os filhos... ainda há o marido dela, que lhe bate. Mas a letra não resvala para o "kitchen sink" britânico, está bem enrolada, Fish consegue dar um retrato desta mulher com recurso a linhas como "One night you play Elizabeth Taylor / The next night you're Marilyn Monroe / Forever kissing frogs that think they're princes."  

O baixo tem um groove que não é habitual em herdeiros do progressivo/sinfónico da década de 70, os efeitos da caixa de ritmos fazem lembrar as remixes para maxi-single e discotecas, a guitarra voga em múltiplos pedais. Vendo bem, tudo isto, vindo de proveniências tão diferentes, poderia ter dado uma bela salgalhada. Mas deu uma canção coerente, forte, dançável, com mensagem e que não fica colada à sua época. E percebo que não fosse aquilo que os fãs dos Marillion esperariam num single da banda inglesa. 

Recuperemos então, uma jóia esquecida. E.M.


Marillion, Lady Nina (1985)  

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