It's a one time thing
It just happens a lot

Suzanne Vega

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

DEOLINDA CORZINHA DE VERÃO

Regresso (segundo as convenções, aguardado) dos, ou da, como eles gostam de dizer, Deolinda. Corzinha de Verão é o primeiro avanço para o álbum Outras Histórias, disponível nas varias plataformas físicas e digitais dia 19 de Fevereiro. 
É uma bela canção estival, prazenteiramente dengosa, com uma letra deliciosa que inverte o desejo de ir para a praia e o bronze, e que poderá muito bem integrar o cânone de músicas de verão clássicas: Dunas, dos GNR, ou Eu gosto é do verão, da Fúria do Açúcar, por exemplo. 
Quanto ao som, nota-se uma clara mudança face aos anteriores discos, pelo menos neste tema. Começa a ser mais remota a ligação à música tradicional portuguesa, nomeadamente ao fado, e isso nota-se quer na abordagem vocal de Ana Bacalhau ou na escolha da instrumentação. Ou seja, é um tema já de claro pop/lounge mais californiano do que caparicano. Em parte percebe-sem a vontade de evolução, mas não deixa de ser um pouco triste esta opção por parte de um dos projectos mais interessantes na música nacional, que descia as raízes bem fundo ao inconsciente colectivo nacional, nos ritmos e nas vivências que inspiram as letras de Pedro da Silva Martins (que aqui continua em grande forma, mantendo um lugar no Olimpo dos letristas do burgo).
Um último pormenor: o vídeo parece ter sido gravado em parte no Museu Nacional de Arte Antiga, ali às Janelas Verdes. E se assim foi, faz-me um pouco de confusão. Eu sei que os museus nacionais, que estão na miséria devido às políticas de extermínio levadas a cabo pelos últimos governos, têm de aproveitar as fontes de rendimento alternativas, e aqui com a mais-valia de terem exposição em muitos computadortes e ecrãs de TV pelo Mundo fora. Mas expliquem-me lá como é que, num museu onde em visitas normais mal se pode respirar ao pé de uma obra de arte e levamos logo com um segurança em cima, deixaram entrar uma equipa de gravação, com todos os seus muitos elementos, normalmente conhecidos pela exuberância e pouco discernimento prático, andar ali à vontade com toda a sua parafernália de máquinas? Para já não falar em objectos perigosos como bolas de praia e raquetes de badminton. Espero que o seguro das obras tenha sido bem elevado... E.M. 


Deolinda, Corzinha de Verão (2016)


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