It's a one time thing
It just happens a lot

Suzanne Vega

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

AMY

Acabadinho de ver no Monumental (onde mais poderia ser?!...) o documentário Amy, de Asif Kapadia sobre Amy Winehouse, a cantora e compositora inglesa desaparecida a 23 de Julho de 2011.
Mais um excelente documentário musical neste 2015, há que dizê-lo. O realizador opta também pela não utilização de voz off guia ou imagens de entrevistas específicas para este projecto, baseando-se única e exclusivamente em imagens e, especialmente, sons retirados de uma vida curta mas com a última década obsessivamente gravada pelos seus próximos ou distantes (telemóveis, televisões, rádio...). Através de Amy e dos que a rodeavam (familiares, amigas, managers, responsáveis de editoras, colegas de profissão, guarda-costas, médicos) ficamos com a história de uma mulher de um talento imenso, mas com fraquezas fatais, desde logo a péssima escolha de homens na sua vida: desde o pai que a abandonou cedo mas que voltou depois para a explorar e que ela ainda assim venerava, ao segundo manager que só a queria pôr na estrada, e ao pedaço de esterco que foi o seu marido, que basicamente a utilizou como cofre para comprar drogas.
É verdade que não podemos ter todas as qualidades, mas é uma imensa pena que Amy não vislumbrasse pessoas boas mas duras que a orientassem, principalmente quando o êxito pós-Back to Black a engolfou, fazendo-a perder de vista o que afinal queria: cantar jazz em salas pequenas e poder ir com amigos beber uma cerveja no pub do bairro. Só isso justifica que tenha continuado a viver em Camden (uma espécie de Bairro Alto/Santos de Londres), quando podia perfeitamente ter-se escondido em qualquer herdade retirada.
Dando uma boa imagem global do que foi uma vida curta, Amy deixa-me a querer lembrar a jovem de voz rebelde e de musa de inglês do século XXI, e não o destroço de junkie cheia de mazelas a mal se aguentar em palco, que afinal é a imagem que os media quiseram destacar. Basta fazer a comparação entre o tratamento de rainha que os talk shows das networks norte-americanas lhe dispensavam em 2006/2007 e as piadas nojentas que os mesmos apresentadores faziam anos mais tarde.
Um imenso desperdício de criatividade. Ainda bem que nos deixou dois grandes discos (esqueçamos misericordiosamente o póstumo Lioness: Hidden treasures).
E.M. 

Amy Winehouse, Back to Black (2006)  

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