It's a one time thing
It just happens a lot

Suzanne Vega

domingo, 9 de agosto de 2015

Márcia, Cabra-cega

Sensivelmente desde meados da década de 2000, as melhores surpresas na música portuguesa vêm não da área do rock mas sim de uma área que se encontra na confluência entre a música popular (fado, folclore), os cantautores e as raízes africanas. Com isto quero dizer os projecto Humanos, a Deolinda, os Diabo na Cruz, Buraka Som Sistema... E Márcia, que hoje trazemos à colação. Chegou ao mundo da música profissional já "avançada" na idade, e proveniente das artes plásticas. Mas chegou com o pacote completo, se me é permitida a expressão. Um mundo conceptual interior bem definido, uma voz límpida e imediatamente reconhecível, uma boa capacidade de composição e ideias delineadas do que queria colocar em disco.
O álbum de estreia, (2011), rodava forte na Antena 3 com este Cabra-cega, que mostra à saciedade estes atributos. Excelência na evolução da canção, grande melodia, palavras enlevantes - "e olha quem tem fome de sinceridade / ao menos não te dei a volta". Os discos seguintes (Casulo e Quarto Crescente) confirmaram tudo o que apresentava, e uma certa timidez não lhe retirou o brilho nas actuações ao vivo - lembro-me, por exemplo, da primeira parte de Suzanne Vega nos Jardins do Marquês de Pombal no Cool Jazz Fest de 2014.
Uma delicadeza e uma determinação que manteremos debaixo do ouvido. E.M.

Márcia, Cabra-cega (2011)



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