Coliseu dos Recreios
Rua das Portas de Santo Antão, Lisboa
21 de Setembro de 2015 (2.ª feira), 21h30
Patti Smith esteve muito tempo sem vir a Portugal, agora parece estar cá sempre... Não me estou a queixar, que uma artista do seu nível é sempre bem-vinda. Dia 21 de Setembro volta ao Coliseu lisboeta para apresentar na íntegra o seu disco de estreia de 1975, Horses. Nada de novo, portanto, pois este é um formato de concerto que está a expandir-se para os nomes mais veteranos: a totalidade de um disco ícone no seu alinhamento, seguido de mais uns êxitos avulsos.
Patti, naquela sua tão particular junção de poesia beat e punk rock, não consegue dar um mau concerto. E algumas tangentes ao afinamento podem ser perdoadas a quem tem claramente inteligência, bondade e coragem. Pena foi que ela, representante da emancipação feminina, no alto das suas contradições tenha praticamente deixado de aparecer em público nos anos 80 e 90, "fechada" em casa a cuidar dos filhos e do marido, o ex-guitarrista dos MC 5 e Stooges Fred "Sonic" Smith. Mas ele morreu, os filhos cresceram, e ela aí está em grande actividade nos últimos tempos. Vem a Lisboa acompanhada pela sua Patti Smith Group, com o genial guitarrista Lenny Kaye e o baterista Jay Dee Daugherty, que a acompanharam na gravação de Horses e são importantíssimos na definição das suas coordenadas estéticas ao vivo e em disco.
Apesar de tudo, na sua reclusão teve tempo para lançar em 1988 o álbum Dream of life, cujo farol era People have the power. A produção à anos 80 não é das mais apelativas, mas a melodia e o chamamento à união dos povos são inquebrantáveis - se bem que, passado mais de um quarto de século, temos a clara noção que o povo actualmente pode ter tudo, mas não tem a força ou o poder.
E quão lamentável é esta canção de mensagem simples e positiva ser boicotada em programas de rádio e TV dos Estados Unidos devido ao seu conteúdo "comunista" e "anti-americano"? "Ass holes", como diria, e muito bem, Patti Smith.
Dia 21 este deve ser um dos temas abordados pela barda americana. Quem puder que aproveite, pois eu, em princípio, não poderei lá estar, devido a compromissos profissionais. E.M.
Patti Smith, People have the power (1988)
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