It's a one time thing
It just happens a lot

Suzanne Vega

sábado, 29 de agosto de 2015

Rolling Stones   Sticky Fingers


Cá por mim, não é necessário qualquer pretexto para ouvir Sticky Fingers, essa maravilha suja, poeirenta e viciosa de um álbum lançado originalmente em Abril de 1971 pelos Rolling Stones. Mas a banda, a reboque da sua Zip Code Tour (concertos na América do Norte entre Maio e Julho deste ano), re-re-editou-o, com remisturas, takes alternativos, versões ao vivo e etc.

O nome da digressão é um claro piscar de olhos do disco - "zip code" quer dizer código postal, mas "zip" significa também fecho éclair, e o disco tem na capa a parte da frente de umas calças vestidas num modelo masculino. E nas edições originais tinha mesmo, segundo ideia saída da cabecinha de Andy Warhol, um fecho verdadeiro, que se abria e fechava. Mas o dito fecho riscava as capas dos discos que se colocavam junto a Sticky Fingers, por isso teve de ser eliminado em edições posteriores em vinil.

Mas voltemos ao disco, que afinal é o mais importante. Por mais que seja limpo, remixado e etceterizado, o que conta mesmo são as canções, gravadas em pedra por uma banda em alucinogénico estado de graça com os seus fantasmas musicais da América profunda: blues, southern rock, country e soul. 

Estive indeciso quanto ao tema para  ilustrar. Can't you hear me knocking foi um forte candidato, mas o facto de os dois últimos terços serem essencialmente uma jam desconexa de saxofone e percussões pesou contra. Assim, avança a carta de abertura: Brown sugar, com mais um riff de open tuning na guitarra de Keith Richards e uma montanha de swagger de Mick Jagger em deambulações por relações perigosas entre brancos e negros, patrões e criadas no Grande Sul. Já agora, também grande saxofone do já falecido Bobby keys, uma das personagens fulcrais da biografia de Richards, Life, que será mais tarde aqui abordada.

Só uma das muitas histórias aí descritas: Richards queria que Keys fosse em digressão com os Stones nos anos 80, Jagger estava contra. Como nos ensaios faltava qualquer coisa, Keith telefonou ao seu compincha texano e disse para ele se meter num avião. Chegado ao pavilhão, começou a tocar, e Jagger disse que aquilo estava soar mesmo bem. E só depois viu que era Keys. O saxofonista ficou para toda a digressão, mas o vocalista não lhe dirigiu uma única palavra. Enfim, feitios.

Brown sugar, então. "How come you dance so good?", pergunta Mick. Com um groove destes é difícil ficar parado. E.M.


Rolling Stones, Brown sugar (1971)

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