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Suzanne Vega

sábado, 2 de maio de 2015

Cobain: Montage of Heck - já visto, e inquietante


Avançado aqui em post de 25 de Abril, visionado no Monumental (Lisboa), Cobain: Montage of Heck. Documentário sobre o líder dos Nirvana, que se suicidou em Abril de 1994.
Algumas notas soltas:
- Brett Morgen, o realizador, é claramente um apaixonado pela personagem que documenta. De aplaudir a sua pertinácia, que o terá levado a aborrecer tanto os principais intervenientes na vida familiar e musical de Kurt que, e nas suas próprias palavras no que concerne à viúva, Courtney Love, "ela me disse para eu fazer o que quisesse com o material, só viu quando já estava montado".
- Morgen estava convencido que o espólio de Cobain seria imenso. Afinal, resumia-se a apenas uma pequena sala. Mas aí estava material com imenso potencial, nomeadamente os cadernos de rabiscos, rascunhos e pensamentos que a mãe guardou, na totalidade.
- Com este material Brett fez um trabalho essencialmente de animação, tal como na recriação de partes da vida de Cobain enquanto adolescente, e em sequências de ampliação e entrosamento das várias páginas de desenhos.
- Boa utilização de entrevistados, nomeadamente da mãe e da primeira namorada oficial, e do baixista dos Nirvana, Kris Novoselic. De estranhar a ausência do terceiro Nirvana, Dave Grohl, normalmente aberto a recordar sem problemas os seus tempos na banda.  
- Impressionantes as gravações caseiras dos últimos anos de vida, já com a filha Frances. Basicamente, imagens de um drogado em quem é difícil perceber a centelha do génio.
- A ideia final é de um homem que sabia perfeitamente o que queria, mas nunca encontrou forças para repelir o que não queria. Ou seja, e de novo referindo as declarações de Love, "o objectivo dele era ganhar três milhões [de dólares] e tornar-se um junkie". Objectivo alcançado. Mas para isso teve que se vender, assinando por uma editora multinacional, teve que dar entrevistas às "corporate magazines", apesar de usar T-shirts a negá-lo. E teve que levar uma vida agitada que o consumia, dando-lhe cabo de uma saúde que sempre fora frágil. 
- Kurt Cobain morreu sozinho, com um tiro de caçadeira na sua garagem em Seattle. A sua mulher (que afirma que nunca foi tão monógama como Kurt, e que, com a sua morte e a sua santificação, ficou apanhada na armadilha de Yoko Ono) estava em Los Angeles. O "porta-voz de uma geração" não tinha ao pé de si um único dos seus seguidores. 
- O que verdadeiramente importa - a música - continua pungente. Este é daqueles casos em que a morte prematura deixa efectivamente muitas esperanças perdidas do que poderia ainda ser criado. Em solidão acústica, em grunge alucinado, em lo fi experimental, Kurt afinal tinha a centelha.  

Cobain: Montage of Heck (2015), trailer




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