It's a one time thing
It just happens a lot

Suzanne Vega

domingo, 10 de maio de 2015

This Mortal Coil, I want to live

Após Carlos, algo completamente diferente. I want to live, do projecto This Mortal Coil em 1986. Para quem não é desses tempos, não se lembra ou andava distraído a ouvir italo-disco, This Mortal Coil era o nome de guerra de um trio de discos pensados por Ivo Watts-Russell, o patrão da editora britânica 4AD, e concretizados pelo próprio e uma série de músicos convidados, a maioria deles de bandas que tinham assinado pela 4AD. Metade instrumentais atmosféricos, metade versões arrepiantes de originais obscuros, foram discos de eleição para muito jovem sublimar existências suburbanas anódinas.  
No segundo álbum, Filigree and Shadow, um duplo cuja versão em vinil é tão artística que a tinta prateada dos invólucros se derretia em mãos quentes, surgia uma daquelas canções que me ficaram incrustadas e que, se tiver mesmo que morrer um dia, então I want to live está na short list das músicas para passar no meu funeral. Desde logo pelo título... O andamento é lentíssimo, os teclados tétricos dominam, a batida sintetizada quando surge parece um pacemaker a assombrar. Mas o que mais arrepia são as vozes, das irmãs Louise e Deirdre Rutkowsky, duas escocesas que Ivo descortinou e que voltaram depois para o anonimato. Mas tal desaparecimento foi a nossa perda, pois são duas vozes perfeitamente celestiais, tão integradas na canção que quase vemos os seus fantasmas a passar pelo éter. E o mais curioso é que, tal como na letra se vão alternando "I want to live" com "I want to die", também este tema me vai levando da tristeza profunda a uma exaltação quase mística perto da alegria. Companheira de tantas horas, soa.

I want to live, This Mortal Coil (1986)  
    


Em formato "country épico" e muito recomendável também é versão original, da dupla norte-americana Gary Ogan e Bill Lamb, de 1972. Podem visitar aqui:


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