It's a one time thing
It just happens a lot

Suzanne Vega

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Amanhã, Duo Ouro Negro


Sobre o Duo Ouro Negro, o essencial está nas notas críticas da caixa de 4 CD "Duo Ouro Negro - O Essencial", editada em 2010, e elaboradas pelo João Bonifácio, esse escriba desvairadamente brilhante (ou brilhantemente desvairado, sei lá eu). 
Em traços largos, assino por baixo. Um projecto brilhante, musicalmente falando, conseguindo modernizar sem renegar as suas raízes tradicionais e mantendo um ouvido muito bem aberto ao que se passava no resto do mundo musical. O turbilhão da História não foi favorável a Raul Aires/Indipwo e Milo MacMahon, ambos já falecidos e provenientes da zona de Benguela, apanhados entre países, nacionalidades, línguas, guerras, independências e lealdades várias e quase sempre contraditórias. Mas entre fins dos anos 50 e o início da década de 70, eram ubíquos nas terras quentes onde nasci.
Para mim, é uma via rápida para a minha Angola, para as noites em que ficava acordado na cama a ouvir as cantorias e percussões dos populares desenfreados na ponta do pontão. Amanhã é um hino de amor a Luanda, e por extensão a toda a Angola, e por conseguinte um tema que me traz uma lágrima no canto do olho, como diria outro grande de África, Bonga. Com uma linha vocal com tanto de ocidental como de africana, com guitarras acústicas que viajam do musseque para o banlieu, e percussões que se podem adquirir em qualquer ponto do planeta, Amanhã é efectivamente o que se pode dizer a verdadeira world music, muito antes de o tema cunhado pelo etnomusicólogo Robert Brown se ter disseminado. Para o Mundo, mas intrinsecamente angolana. 


Amanhã, Duo Ouro Negro (1971)




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