Sandinista, o triplo álbum dos The Clash de 1980, é um caldeirão de 36 músicas que vão desde o sublime ao dispensável. Na primeira categoria cabe este The leader, um portento de concisão - 1 minutos e 40 segundos e uma história completa contada, bem como uma lição em política, ética e comunicação de massas. Explicação: trata das aventuras de espionagem e de alcova de ministros britânicos e amigas íntimas e os seus amigos diplomatas do Bloco de Leste, de que o Caso Profumo foi, nos anos 60, talvez o mais famoso.
The Leader começa ainda colado ao anterior tema (Ivan meets G.I. Joe, que também trata das relações EUS-URSS), apenas com as guitarras-ritmo e o hi hat (pratos sobrepostos) de Topper Headon, e Joe Strumer cantando sincopado: "Atom secrets / secret leaflet / have the boys found the leak yet / the mole hill set the wheels in motion / his downfall picks up locomotion." Ficamos logos agarrados, claro. Depois entra o baixo, os rapazes tossem, mandam uns "yeah" e cospem o refrão "the people must have something good to read, on a sunday" - ou seja, a abordagem selvagem dos tablóides. As vinhetas de escândalos continuam sem parar, e tudo acaba com uma pianola a rebolar. Perfeito. Volto sempre atrás, e penso muitas vezes que um género como o rockabilly pode afinal ser retocado. E.M.
The Clash, The leader (1980)
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