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Suzanne Vega

quinta-feira, 7 de maio de 2015

My Bass and Other Animals, Guy Pratt


Guy Pratt (nascido em 1962, Londres) é o autor de um dos meus livros de cabeceira - My Bass and Other Animals. Só o nome já é todo um programa: guitarra-baixo - o meu instrumento preferido - e uma referência directa a esse outro clássico das biografias e do humor, My Family and Other Animals, em que o naturalista e biólogo Gerald Durrell conta as suas aventuras de infância com os familiares na ilha grega de Corfu nos anos 1930, e que é também uma leitura extremamente recomendável.  

Quanto a Guy Pratt, obviamente, é baixista - excelente, diga-se de passagem. Podem comprovar, por exemplo, aqui:




Por volta de 2005, estava, por assim dizer, em fase de acalmia no mercado laboral. Até que se lembrou de todas as histórias que lhe tinham acontecido ou a que tinha assistido ao longo de uma carreira em que colaborou com todos e mais alguns: Bryan Ferry, David Bowie, Madonna, Michael Jackson, Jimmy Page ou, acima de tudo, os Pink Floyd. Aliás, de tal maneira que acabou por casar com a filha do teclista Rick Wright (a entourage da banda conhecia Gala desde que esta nascera e, protectores que eram e conhecedores das maluqueiras de Pratt, estiveram muito próximos de o correr à paulada!).
Reuniu numas notas as suas memórias, fez uma primeira sessão de stand-up no Groucho Club (lendária sala de Londres que foi o epicentro da vida social musical no Britpop, e do qual Guy é sócio, por ter sido o único colaborador dos Floyd a aceitar uma proposta de adesão feita por... David Gilmour, sim, o homem que canta Wish you were here). 
A sessão correu bem, passados meses estava no Festival de Teatro de Edimburgo, e depois foi só compilar em livro, este de que aqui vos mostro a capa, editado em 2007 e que pode ser comprado pela Internet (não há tradução em português).


O sentido de humor de Guy Pratt é imenso, culto sem ser snob, e escreve de uma maneira que só posso descrever como rock'n'roll: rápida, directa, emocional, exuberante e, por vezes, discreta (nunca é agradável receber cartas dos advogados de estrelas musicais a ameaçar processos de difamação). O seu amor pela música nunca se perde de vista, e fica-se com uma bela ideia do que era a vida de um músico de sessão das primeiras divisões nos heróicos anos 80 e 90. E não se leva demasiado a sério.

Se puderem deitar a mão a este livro, não hesitem. Entre os meus episódios favoritos: 
- quando Guy, embriagado no estúdio do Sussex onde os Smiths estavam a gravar, esteve dez minutos de manhãzinha a bater à porta de Morrissey (pensando que era a do guitarrista Johnny Marr). O delicado vocalista ficou tão traumatizado que apanhou o primeiro comboio para Londres;   
- quando, em palco com o duo Womack & Womack, assistiu à convidada Mary Wells entrar em palco com um bebé e atirá-lo pelo ar para um roadie (?!?!);
- quando Tina Turner lhe pediu para tornar "mais púrpura" som do baixo de Simply the best ...
- quando esteve dias a gravar para Earth song, de Michael Jackson, quando este estava escondido... debaixo da mesa de mistura do estúdio. 

Imperdível. E.M. 
   

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