It's a one time thing
It just happens a lot

Suzanne Vega

domingo, 7 de junho de 2015

Angelo, Manahuna

Pelo menos uma vez na vida, se houver condições financeiras, deve-se deixar para trás a terrinha e as obrigações burguesas e sair à aventura pelo Mundo. Tive a felicidade de o poder fazer, e o primeiro destino foi a Polinésia Francesa, as ilhas paradisíacas de Tahiti, Moorea, Huahine, Raiatea, Tahaa e Bora Bora. Deitados  em redes com um pezinho na água morna da lagoa, as tardes de ócio no hotel do motu Vahine eram passadas com música a condizer: reggae e taitiana. Uma das cassetes que rodavam insistentemente era Manahuna, de Angelo Neuffer, mais conhecido apenas pelo seu nome próprio. Um dos mais respeitados artistas das Ilhas da Sociedade, Angelo faz uma mistura brilhante entre a tradição do seu povo e as influências ocidentais, desde logo de França, "mãe" colonizadora de ambivalentes relações. O tema-título que se pode ouvir em baixo é um bom exemplo. Atente-se nas percussões, nas vozes em background das "vahines" (raparigas), mas também na produção cuidada e na guitarra bem moderna. A estranheza das palavras - a bela língua taitiana, repleta de vogais e com pouquíssimas consoantes - é contrablançada pela força da mensagem. "Manahuna" é uma forma mais forte e enfática da palavra" não", aqui utilizada para se opor à tensão, violência e intolerância que pode aparecer na sua "fenua" (casa ou terra). Post dedicado a Jeanette, do Ohio via Japão, que numa noite se sentou comigo na marginal de Papeete. E.M. 


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