It's a one time thing
It just happens a lot

Suzanne Vega

sábado, 27 de junho de 2015

Radar Kadafi


Nesse imenso viveiro de música portuguesa dos anos 80, há dois grupos que se distinguiram - pela inovação, pela diferença, pela inquietação, pela imaginação, pelo pouco tempo em que estiveram activos, e pela grande qualidade da pouca quantidade que nos deixaram em gravação. 
Uns foram os Mler Ife Dada.
Os outros, e que aqui agora abordo, os Radar Kadafi. A banda lisboeta é, como tantas outra de então, descoberta no Concurso de Música Moderna do Rock Rendez Vous. O álbum único, de seu elegante nome Prima Donna, é editado em 1987. E é uma pequena maravilha, um repositório de lembranças de outras épocas, canções cantadas em línguas de paixão (francês, castelhano, italiano - além do nosso português), estilos recuperados de antigamente (nomeadamente os latino-americanos). Canções de amor, de ciúme, de luxúria. Deste OVNI no panorama pop rock de então saíram dois temas que continuam a ser passados regularmente nas rádios - 40 graus à sombra e Eu sei que não sou sincero. São excelentes, e bem representativos da estética dos RK, mas sempre tive um fraquinho por Le rasoir qui tue - o nome é todo um programa de leviandades em bairros pouco recomendáveis.
Após a saída do álbum, o grupo finou-se, e quase todos os seus elementos se dedicaram a carreiras longe da música - as excepções são Luís Sampaio, o teclista que foi conhecer o sucesso com os Delfins, e Tiago Faden, o baixista que entrou para o mundo editorial. 
Aí fica então Le rasoir qui tue, em versão "sha lala laia" retirada do Youtube directamente do vinil - os riscos bem audíveis apenas aumentam o charme de um grupo que sempre se dedicou mais à emoção do que à excelência técnica. E.M.


Radar Kadafi, Le rasoir qui tue (1987)




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