It's a one time thing
It just happens a lot

Suzanne Vega

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Le deserteur, Boris Vian

Primeira aparição da música francesa, outro riquíssimo veio artístico, infelizmente em rápida perda de exposição por terras lusas, pois, apesar dos esforços aos mais altos níveis das autoridades francesas, a vaga anglo-americana submerge quase tudo.
Se o presente não é brilhante - apesar de, por exemplo, a língua francesa se ter adaptado maravilhosamente ao rap e ao hip hop e ter imensas interacções com a música da África Ocidental e caribenha -, regressemos ao passado. E a uma música que a minha professora de Francês do 10º ano (muito obrigado, "setora" de que não me lembro nome nem face, mas de que nunca esqueci a canção) nos fez ouvir e reflectir. Chama-se Le deserteur - O desertor -, foi escrita em 1954 pelo artista completo Boris Vian (escritor, compositor, poeta, cantor, instrumentista), e é um dos mais duradouros hinos à paz, ou melhor, contra a guerra. A letra é magistral, de uma simplicidade de termos perfeitamente oposta à magnitude de ideias e sentimentos. Uma declaração sincopada, assente em rimas claras no "ére", no "ombe", no "irer", no "ent", do Monsieur Le President. O presidente da República Francesa, que mandava o narrador apresentar-se, até ao meio-dia da quarta-feira seguinte, no quartel para seguir para a guerra. E o resto é a explicação por que não vai para a guerra, que não está sobre este terra para matar pobres pessoas, e que se é para ir para a guerra, então que vá o presidente, que está em boa forma para isso. Quase parece uma canção de ninar... Nos 60 anos que passaram desde que Vian compôs Le deserteur, as guerras não desapareceram, nem diminuíram. E quantas professoras de Francês irão neste ano lectivo apresentar esta pérola aos seus alunos? E.M.

Boris Vian, Le deserteur (1955)

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