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Suzanne Vega

domingo, 12 de abril de 2015

Barnett Newman, Be I: Emoção Pura



Um dia, quando ganhar o Euromilhões, terei uma questão premente para resolver: se só puder adquirir uma obra de arte, qual escolheria? Poderia muito muito bem ser esta Be I, de Barnett Newman. Completada pouco antes da sua morte em 1970, esta pintura de grandes dimensões (213 cm x 283 cm, acrílico sobre tela) exerce sobre mim um poder tal que basta olhar para ela numa reprodução digital em formato reduzido para me sentir preenchido. Grandes blocos de cor, o distintivo "zip" (linha vertical fina) de Newman a definir o espaço à sua volta, toda a emoção contida num local puro onde não entra qualquer figura. A abstracção no seu ponto mais emocional.
Agora, não sei até que ponto poderia adquirir este Be I. Como muitos dos nomes mais importantes da arte pós-Segunda Guerra Mundial, nomeadamente do expressionismo abstracto, tem muita da sua produção em museus, ou seja, em colecções de onde já não saem. Para além disso, não foi dos pintores mais prolíficos, tendo dedicado muito tempo à produção teórica, e faleceu relativamente novo (65 anos). Este quadro, curiosamente, esteve efectivamente em risco de sair da propriedade federal, pois pertence ao Detroit Institute of Arts, e quando a Cidade dos Motores entrou em bancarrota, uma das medidas equacionadas para conseguir receitas foi exactamente a venda de parte das colecções de arte públicas. Felizmente, franjas importantes da população reagiram - e parece que tal desafectação poderia ser tendencialmente ilegal... -, pelo que esta magnífica e impressionante peça pode continuar a ser desfrutada pelos (neste ponto) sortudos  cidadãos de Detroit.  
 

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