It's a one time thing
It just happens a lot

Suzanne Vega

segunda-feira, 6 de abril de 2015

UM  POUCO DE FÉ COM OS XUTOS
 
E primeira incursão do Nascidoparaouvir nesse imenso caldeirão de delícias e tormentos que é a música portuguesa. Por onde começar? Que tal por (aviso de lugar-comum!) a "instituição do rock português" que são os Xutos & Pontapés? E já agora, por aquela canção que terá um dos percursos mais curiosos: Contentores? 
Contexto histórico: após uma década de mudanças de pessoal e de editoras, os Xutos tinham por volta de 1985-1986 uma legião(zita) de seguidores muito fiéis, que colocavam a sua fé de punks e outsiders nas canções de revolta secas e impuras como Remar, remar ou Esquadrão da morte. Assim sendo, Contentores só podia surgir como uma provocação. Tema de abertura do álbum Circo de Feras, primeiro para uma multinacional, produzido por um homem vindo das franjas mais pop (Carlos Maria Trindade, teclista dos Heróis do Mar), Contentores mostrava caixa de ritmos (horror!), saxofone (credo!!) e uma produção limpinha a apontar para o - inevitável, como se veio  a perceber - êxito de vendas e para a implantação do grupo na tapeçaria da cultura portuguesa.
Mas é como diz esse outro "ícone" nacional, Pessoa: primeiro estranha-se, depois entranha-se. Hoje é difícil ouvir Contentores sem um arrepiozinho na espinha, nomeadamente a "coda" final de "um pouco de fé".
Quanto aos Xutos, são hoje senhores comendadores de meia-idade, mas ainda a última vez que os vi ao vivo notei um sorriso diferente na boca de Tim quando soltou o inicial "a carga pronta e metida nos contentores". Longa vida, companheiros de tantas aventuras.

Xutos & Pontapés, Contentores (1987)

2 comentários:

  1. Já no Cerco havia algum saxofone ,) Mas de resto concordo com tudo, Abraços. CR

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  2. E não foi escolhido para primeiro single. "Sai P'rá Rua" não foi a escolha óbvia!

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