It's a one time thing
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Suzanne Vega

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Wildwood Flower


10.000 Maniacs, Wildwood flower

Os 10.000 Maniacs foram uma daquelas bandas que passaram injustamente ao lado de uma grande carreira. Nos inícios dos anos 80, desceram lá do alto do estado de Nova Iorque, de uma cidadezinha tão pequenina que só recebia um único exemplar do New Musical Express (lendário jornal semanal britânico que nas décadas de 1970 a 1990 era extremamente influente). Colectivo de ideias (socializantes), de tendências artísticas mais latas (literatura, pintura), de diferentes origens (os apelidos parecem um mapa da Europa), utilizaram essa insularidade para desenvolver um rock-folk límpido e de intervenção que tocou em consciências liberais na Europa e no circuito universitário dos States, mas pouco mais.      
Num dos meus discos de cabeceira - o CD duplo Campfire Songs: The Popular, Obscure and Unknown Recordings (2004), uma retrospectiva de "êxitos" e raridades -, surge este Wildwood flower. Tradicional folk norte-americano registado pela década de 1860, foi popularizado pela Carter Family na altura da Grande Depressão, e mais tarde recuperado por June Carter, esposa de Johnny Cash (como curiosidade, podem espreitar Reese Witherspoon a cantá-la no papel de June no filme Walk the Line).
Wildwood flower não chega a dois minutos, mas o seu efeito supera largamente a sua curta duração. Arranjada em ritmo bem rápido, de uma alegria saltitante e contagiante, distribuída generosamente pela rabeca, mostra uma faceta de desprendimento que a voz de Natalie Merchant poucas vezes apresentou, pois os 10.000 Maniacs têm lados muito mais sérios e profundos, que tentaremos abordar noutras ocasiões.
Ao ouvir "I will dance, I will sing, and my laugh shall be gay" apetece-me ter oito anos outra vez e saltar pelo pátio. Efeito conseguido, pois então.



10.000 Maniacs, Wildwood flower (2004)

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