It's a one time thing
It just happens a lot

Suzanne Vega

terça-feira, 14 de abril de 2015

MELHOR CONCERTO DE SEMPRE?

Foram tantos e tão poucos, como diriam as Doce em Ali Babá... O primeiro a sério (Cheap Trick) é sempre especial, Bruce Springsteen também, alguns mais pequenos que, sem sabermos bem a razão, voltam regulamente à memória (Bolshoi no Metropolis, onde agora é um Pingo Doce ali à Praça do Chile)... Mas se tivesse que escolher apenas um, seria o dos The Jesus and Mary Chain em Dezembro de 1988 em Lisboa. Os manos Reid ainda estavam no auge da sua inventividade, com dois álbuns muito diferentes mas preciosos na bagagem - Psychocandy uma maré de distorção a disfarçar as harmonias à Beach Boys, e Darklands em completa regressão ao psicadelismo e às melodias byrdsianas.
O velhinho Pavilhão dos Belenenses estava a rebentar pelas costuras de devotos - Portugal, nunca o esqueçamos, devido aos divulgadores radiofónicos e à geral curiosidade pelo que vem do exterior, estava muito bem informado do que se passava por esse mundo musical fora. Jim e William encheram a sala fumarenta de guitarras e mais guitarras, de efeitos e de pedais, de lamentos e de introspecção britânica. Um concerto que valeu tanto pela música como pelas técnicas inovadoras, pelo ambiente de ligação entre público e banda, curiosamente uma banda que fazia gala de não se ligar verbalmente ou fisicamente a esse mesmo público. Ou seja, tive a sorte de os apanhar na fase em que o entusiasmo dos manos Reid escoceses ainda equilibrava um certo desprezo artístico (muito na onda dos seus ídolos, Reed e Velvet Underground) por quem os ouvia. No final, William atirou a guitarra para o chão e, dados os muitos pedais de efeitos que estavam ligados em série, a dita guitarra ficou para aí uns bons dez minutos a tocar sozinha feedback e white noise nas tábuas do palco. Uma audição para a vida.

O tema com que por essa altura os JAMC costumavam terminar os concertos: Sidewalking. E.M.




P.S.: Os The Jesus and Mary Chain tocam o álbum Psychocandy na íntegra ao vivo no dia 11 de Julho de 2015, no festival Alive, ali no Passeio Marítimo de Alcântara.

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